Heterologias

sexta-feira, março 08, 2013

 

Gateway of India

Portas na ìndia: a descolar
 
Lá estava ele, na TVI, depois das imagens pitorescas e antes de um jornalista inexplicavelmente apressado, por enquanto reduzido à função de narrador: o admirador de Churchill que gosta de fingir que o alfaiate do Porto tem loja aberta em Saville Row, passeando riscados claros sobre cores escuras em fatos de casaco assertoado. E dizia ele, o ministro, sim senhor, nas pontas dos pés daquela voz com que nos quer convencer de que é ele o barómetro moral da política portuguesa, afinando um tom british, em plena ex-jóia da coroa, entre os azeiteiros levados de cá: "I'm waiting... to have in India... the portuguese, very, very, very good wine and olive oil. You should prove it." A sorrir cheio de insinuações publicitárias. Lembrei-me logo de outro antigo colaborador do finado Independente (com ou sem "e" no fim?): media ele, no Verão passado, a literacia dos portugueses pela literatura estampada nas t-shirts - iletrados como aquela avó cuja camisola em t declarava "I'm a porn star". Iletrados, portanto, como o ministro anglófilo que tomava "to prove" por "to taste" ou "to try"... mas... espera aí... pensei eu, depois. E se fosse isto material cifrado? E, se quando se diz "sink" por "think", se estiver, de facto, a dizer que se "afunda" e não que se "pensa" - e que, realmente, se é obrigado "a fazer prova" sob a capa de se estar a sugerir ao subcontinente que "prove" o vinho português? Submarinos e ónus da prova? Será que encontrei um código secreto? Um very (very, very, very) "special one"?

"Tenho muito gosto em começar aqui no ginásio. Também é uma metáfora: A economia portuguesa precisa de 'cardio', precisa de tónico, de músculos, precisa de abdominais, que custa um bocadinho mais." Anotai: não só o ídolo dos mercados (das couves) confessa andar, depois dos dentes (e a seguir, irá tratar do animal de estimação do engenheiro Sousa Veloso que lhe morreu na cabeça?), a fazer pelos abdominais (com a nota confessional, em rima, de que lhe custa um bocadito), como, literalmente, letra após letra, afirma o seu gosto pelas metáforas, salientando, mesmo, de que se trata de mais uma - "também é uma metáfora". Qual era a outra? Será preciso dizer mais? Ou vai sem dizer? Salvo seja. Salvar, por salvar, Deus salve a rainha, que está de caganeira.

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