"Tudo o que até então se jogava no ordenamento dos acessos do espaço real da cidade ou do campo, jogar-se-á amanhã apenas na organização do controlo da condutibilidade das imagens e da informação em tempo real.
Ordenar o espaço-real para controlar o meio ambiente foi, desde a origem do ESTADO-CIDADE e da divisão feudal do território, o objectivo confesso de toda a geo-política; e isto até à implantação definitiva do ESTADO-NAÇÃO. Amanhã, controlar o ambiente contribuirá para realizar uma verdadeoira crono-política, ou antes, uma DROMO-POLÍTICA, na qual desaparecerá a nação, em proveito exclusivo de uma desregulação social e de uma desconstrução trans-política: o tele-comando substiturá progressivamente, não só o comando, a ordem imediata, mas sobretudo a ética (os Dez Mandamentos), como o indica já a criação dessas famosas "comissões de ética" , nomeadamente no campo da genética, e em breve, não se duvide, também noutros domínios, ecológicos, económicos ou estratégicos".
Paul Virilio,
A Inércia Polar, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1993, pp. 114-115
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