Heterologias

quinta-feira, outubro 04, 2007

 

Putas, paneleiros, mulherengos, anarquistas e soldados para África, em Braga, a Idolátrica, ainda antes das brasileiras alugarem a cona em Bragança





E esta que fingiu nunca dar por mim, quando o carro arranca e me deixa esquecido, diz:

- Adeus, meu senhor .

Como quem diz: estavas aí e me viste e me desejaste, e quiseste o meu cono, e fui tua. Nunca mais me verás, fantasma de blusão negro e óculos grossos cara aparvalhada, fica-te, tarrenego!, sei lá quem tu és - não sou para ti.

E eu que era para ela. Outra qualquer. Dentro e fora da memória, fantasma para fantasmas.Vou para a cama. O vinho pesa-me na cabeça. Bebo água fria para desenjoar a gorja. Durmo como um bendito. Acordo no escuro, cedo, 6 ou 5 horas, há um grupo na Pensão que se está a levantar, batem portas. Estou excitadíssimo. O meu homem virá ao encontro? Onde o hei-de meter? Nestes quartos ouve-se tudo.

Abjecção. Remorsos. Decido não ir. Misturo a Deolinda com o António e sem mexer na picha estou quase a vir-me. De repente, tudo é tão violento que tenho de bater uma punheta.

Como a Natureza previu todas as nossas fraquezas e ausências, dotou-nos também com outro caralho para o cu detrás. Meto o dedo (médio?) todo no cu, bato a punheta. E a ejaculação, forte porque há dias que estou sem deitar nada cá para fora, dá-me contracções no esfincter. Gozozíssimas. Venho-me imenso. Estou cada vez mais excitado. Cada passo na escada parece julgo que é o António que vem e me penetra e me obriga a chupar-lhe o delicioso caralho que não vi. Escândalo. Tribunal Militar.Vergonha. Filhos a saberem tudo. Loucura. Suicídio. Tomo meio Calmax. A pouco e pouco a corda vai-se aligeirando, estou melhor. Mas que vontade de ter pecado. De pecar. Como assim: de viver.
Descubro que o êxito e o fracasso são uma e a mesma cadeia e em tudo. O êxito para cima, o fracasso para baixo, e quando digo baixo digo baixo: sujidões, dívidas, vergonhas, podridão, loucura. Mas o que toma tudo igual é que ambas as cadeias se encontram, nada a fazer, meus caros, daqui a cem anos ninguém se lembra.

E a nossa lição-abjecção a quem aproveitará?

Já tanto faz.

Tanto nos faz.

Braga, 16 ou 17 de Outubro, 1961.

Luiz Pacheco, O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor (1961), 1ª ed. 1970

LINHA ALERTA INTERNETA SEGURA: chamem a polícia

Etiquetas: , , , , , , , , , , , , ,


Comments:
ehehehe
 
Enviar um comentário



<< Home

Archives

03/07   04/07   05/07   07/07   09/07   10/07   12/07   01/08   02/08   03/08   04/08   10/08   11/08   12/08   01/09   02/09   03/09   05/09   07/09   10/09   02/10   04/10   05/10   06/10   02/11   04/11   05/11   06/11   11/11   02/12   09/12   03/13   04/13   03/14  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Locations of visitors to this page